segunda-feira, 30 de julho de 2012

Salário nivelado pode engessar qualidade universitária no país

EDITOR DE PRINCIPAL RANKING DE UNIVERSIDADES DO MUNDO AFIRMA QUE O
BRASIL INCENTIVA POUCO COMPETITIVIDADE DE SUAS INSTITUIÇÕES

Simon Plestenjak/Folhapress

Phil Baty, editor do ranking universitário THE, posa durante
entrevista na Unicamp
SABINE RIGHETTI
ENVIADA ESPECIAL A CAMPINAS
O Brasil precisa ter mais flexibilidade nas suas universidades de
elite, como a USP, para conseguir ser competitivo internacionalmente.

A opinião é de Phil Baty, editor do THE (Times Higher Education),
considerado hoje o principal ranking universitário internacional.

Para Baty, o sistema de contratação das universidades públicas
brasileiras, que padroniza salários e impede o recrutamento de grandes
nomes estrangeiros, engessa o ensino superior do país.

"As universidades fazem parte de um processo de inovação que
impulsiona o desenvolvimento econômico. O Brasil tem de entender
isso."

O THE avalia anualmente dados de 700 universidades do mundo e
classifica as 200 primeiras. Entre essas, a USP hoje figura como única
representante da América Latina, em 178º lugar.

Baty esteve no Brasil a convite do Ministério da Educação para falar
sobre rankings universitários internacionais. Eles são usados para
auxiliar a gestão da pós-graduação (por exemplo, na seleção de
universidades de fora para as quais enviar alunos).

Ele também passou pela Unicamp para participar de um evento sobre
ensino superior. Lá, conversou com a Folha com exclusividade.

Folha - Você esteve no MEC e na Unicamp, a segunda maior universidade
do país de acordo com o THE. Qual é a sua percepção sobre o Brasil?
Phil Baty - O Brasil está crescendo, já é a sexta maior economia do
mundo. Por isso, está cada vez mais interessado nos rankings
universitários internacionais. O país quer ter certeza de que tem
universidades competitivas internacionalmente. Entender a elaboração
dos rankings faz parte desse processo.

Há países que concorrem com o Brasil que estão se dando muito bem nos
rankings. É o caso da China, que já tem uma universidade entre as 50
melhores do mundo na lista do THE [Universidade de Hong Kong, em 34º
lugar]. O que acontece no ensino superior da China? É uma questão
apenas de injetar muito dinheiro nas universidades?
O governo chinês está com uma posição muito clara e agressiva de
investimento no ensino superior. A China tem cerca de dez
universidades que quer transformar em "world class" [competitivas
mundialmente].
Além disso, o governo chinês entendeu que as universidades fazem parte
de um processo de inovação que impulsiona o desenvolvimento econômico.
É isso que deve ser feito pelo Brasil.
O país tem de escolher um pequeno número de universidades para serem
competitivas em todo o mundo e deve investir nessas instituições.
Essas universidades devem ter os melhores professores, talvez até
professores com premiações como o Prêmio Nobel.
Além disso, a China também tem investido em publicar artigos
científicos em inglês, o que aumenta o impacto desses trabalhos, e até
em ter aulas em inglês.
Essa talvez seja uma área na qual o Brasil deveria investir mais:
publicar e dar aulas em inglês.

Estamos longe disso.
Sim, e isso é muito ruim. A língua inglesa é uma espécie de língua
franca da educação. O Brasil tem pesquisas fantásticas em ciências
agrícolas e doenças tropicais, por exemplo. Faz sentido que as
universidades publiquem e que tenham aulas em inglês.
As universidades brasileiras têm condições de competir. Elas são muito
novas -a Unicamp, por exemplo, tem menos de 50 anos e já está
competindo com universidades europeias que são medievais, centenárias.
O Brasil tem investido em ensino superior recentemente. O país
expandiu fortemente a quantidade de universidades federais. Agora é
preciso desburocratizar o sistema.
As universidades precisam de mais liberdade, autonomia e
flexibilidade. A USP é a universidade mais autônoma do país e é a
instituição brasileira melhor posicionada no ranking THE. Mas ainda
assim a universidade precisa de muito mais autonomia para gerir seu
dinheiro, fazer negócios, contratar professores com salários
competitivos internacionalmente.
É preciso criar um mecanismo para atrair os melhores professores do
mundo. Se você quer ter os melhores, precisa pagá-los de acordo.
Já podemos ver algumas iniciativas nesse sentido. O programa "Ciência
sem Fronteiras", por exemplo, mostra um comprometimento do governo
brasileiro para enviar estudantes para países como EUA, Reino Unido,
Alemanha e França.
Mas existem alguns problemas. O formato de contratação dos
professores, por meio de concursos, por exemplo, é muito bom para o
professor; já do ponto de vista da competitividade é péssimo.

Isso é um problema comum no países economicamente parecidos com o Brasil?
Há algumas diferenças. A Rússia, por exemplo, também sofre com falta
de flexibilidade. O país tem instituições de ensino superior
fantásticas, como a Universidade do Estado de Moscou. Mas parte dos
talentos foram perdidos com a queda do regime soviético. As
universidades da China também têm pouca liberdade, mas devido às
características do governo chinês.

Imagino que algumas universidades não gostem dos resultados do THE. Na
última listagem, por exemplo, o Caltech passou Harvard e ficou em
primeiro lugar. Como essas coisas repercutem?
Bom, o ranking THE é feito pela nossa revista, que tem 14 anos e uma
certa credibilidade no mercado. Nós temos um grupo de cerca de 50
consultores ao redor do mundo.
Além disso, nós trabalhamos com um processo muito aberto, publicamos
vários artigos sobre metodologia de rankings, o problema dessas
listagens etc. Mas claro que nunca vamos agradar a todas as
universidades.
Tem gente que diz que nossa metodologia só beneficia os países ricos.
Justamente por isso, a partir de 2010 nós decidimos mandar nosso
questionário em várias línguas, como português, chinês e árabe [um dos
critérios de avaliação do THE é o indicador de reputação da
universidades, que vale 30% da "nota" final].
Mas não existe um ranking perfeito, não existe uma metodologia
perfeita. As universidades do topo, como Caltech, Harvard e Stanford,
têm notas muito parecidas e estão próximas.
O Caltech teve vantagens porque é uma universidade muito focada em
algumas áreas, como a física. Já Harvard é uma universidade imensa,
forte em diversas áreas. A maioria das listagens, como o THE e o
ranking de Xangai [feito desde 2003 pela China] tende a valorizar
indicadores de produção científica de alto impacto.
O ranking de Xangai, por exemplo, dá mais pontos para as universidades
que têm mais artigos científicos publicados especificamente nas
revistas "Nature" e "Science". Nesse caso, universidades como Harvard,
que são muito fortes em humanidades, tendem a perder pontos.

Qual é a sua opinião sobre rankings nacionais?
As listagens nacionais são mais difíceis. Se você fizer um ranking do
Brasil, por exemplo, vai comparar universidades de elite, como a USP,
com universidades pequenas e novas. Já o ranking internacional compara
universidades de elite que são mais parecidas. No entanto, os rankings
nacionais funcionam muito bem para fazer um retrato do ensino superior
nacional e para orientar políticas públicas locais.

O sr. pode apontar alguns destaques da próxima listagem do THE que
sairá em outubro?
Estamos terminando de processar as informações. Mas posso dizer que
haverá mudanças nas universidades do topo. Haverá instituições novas
entre as melhores do mundo porque as americanas perderam muito
dinheiro com a crise. Também acredito que a Unicamp fique mais perto
da USP na próxima listagem. Mas não haverá grandes mudanças de
posições das universidades.

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segunda-feira, 23 de julho de 2012

historiadora Dagmar Herzog, da Universidade da Cidade de Nova York

Ficou muito difícil para pais pressionarem para que haja educação
sexual, porque os outros olham como se eles fossem sujos e perigosos.
Para historiadora, EUA têm vergonha de falar sobre sexo

Conservadores cristãos se apropriaram de parte do discurso da
revolução sexual e a fizeram retroceder no país, diz acadêmica

Consulado dos EUA/Divulgação

A historiadora Dagmar Herzog, da Universidade da Cidade de Nova York
CRISTINA GRILLO
DO RIO
Ao se apropriar de partes do discurso da revolução sexual, prometendo
prazeres ilimitados para aqueles que seguissem seus preceitos -como
condenar aborto, homossexualidade e sexo antes do casamento-,
evangélicos e católicos de correntes mais conservadoras nos EUA
conseguiram, em poucos anos, desfazer muito do que essa revolução
havia conquistado.

É o que afirma a historiadora Dagmar Herzog, 51, professora da
Universidade da Cidade de Nova York e autora de livros que analisam a
evolução da sexualidade.

"Nenhum movimento conservador consegue sucesso se for apenas
repressivo", afirma. Mas o que se tem hoje, diz Herzog, é uma
juventude muito mais desconfortável com sua sexualidade do que as
gerações dos anos 90.

Ao mesmo tempo, segundo ela, o discurso que incentiva a sexualidade
pós-casamento criou uma indústria de manuais de sexo cristão e de sex
shops online -"há até 'vibradores cristãos' à venda".

Herzog falou à Folha na semana passada no Rio.

Folha - Em seu livro, "Sex in Crisis" ("Sexo em crise", 2008, não
traduzido no Brasil) a senhora afirma que houve uma nova revolução
sexual nos EUA a partir dos anos 90, mas desta vez com viés
conservador. Como ela aconteceu?

Dagmar Herzog - O movimento pelos direitos religiosos, que surgiu nos
anos 90, se tornou um movimento sexualmente conservador. Tomou conta
das congregações cristãs nos EUA, excluiu pastores com ideias mais
liberais, levou ao Congresso legisladores mais conservadores e
culminou com a eleição de George W. Bush para a Presidência
(2000-2009).

Esse movimento foi bem-sucedido em intimidar os democratas e a parcela
da população que sempre considerou como direitos líquidos e certos ter
acesso a meios de contracepção e que seus filhos tivessem aulas de
educação sexual nas escolas.

Foi um grande choque quando eles perceberam que os conservadores
estavam vencendo a batalha e que os liberais não conseguiam nem mesmo
abrir a boca para apresentar suas opiniões.

E como isso aconteceu?

Há três explicações. O movimento pelos direitos religiosos é, de certa
forma, o filho ilegítimo da revolução sexual dos anos 60 e 70, já que
também promete prazeres sexuais. Nenhum movimento conservador teria
sucesso hoje se fosse apenas repressivo. Tem que prometer prazer para
seus seguidores.

Os manuais de sexo cristão são bastante pornográficos e explícitos.
Prometem aos fiéis décadas de paraíso matrimonial desde que sigam
algumas regras. Basta ser contra homossexuais, aborto e sexo antes do
casamento.

Há vários sites que vendem produtos eróticos para cristãos [neles há
sempre a menção de que os produtos são indicados para casados, como
forma de "apimentar" a relação]. Há até vibradores.

Existe um mundo subterrâneo que se aproveita do discurso da revolução
sexual, mas fala do sexo de forma a lhe dar mais valor do que a
esquerda e os democratas.

Esse movimento também se apoderou de elementos do feminismo, como o
desconforto com a pornografia, com a prostituição, o desejo da mulher
de ser adorada e desejada por seus maridos. Dessa forma, falam de
forma muito inteligente às mulheres. Esse é o primeiro ponto: a
promessa do prazer.

Qual é o segundo ponto?

É o fato de que eles têm um linguajar secular. Não falando em Deus,
mas sim em saúde, bem-estar psicológico e autoestima, eles
transformaram o discurso nas escolas secundárias nos EUA.

Afirmam que, se alguém faz sexo antes do casamento, se usa
pornografia, tem baixa autoestima. Nesse discurso, os homossexuais ou
têm baixa autoestima ou vão criar filhos com baixa autoestima. Eles
trouxeram todos os seus conceitos religiosos para a linguagem da
psicologia.

No discurso público, inclusive em sua campanha homofóbica, eles usam
argumentos seculares. Em sua luta contra o homossexualismo, focam no
conceito de que é algo sujo, vulgar, indecente e um perigo para as
crianças.

O que mais levou ao sucesso do movimento?

Eles atuam nos desejos mais profundos de aceitação e esperança que as
pessoas têm. A ansiedade que se tem de ser amado por toda a vida, de
manter a paixão ao longo do casamento, o sentimento de proteção dos
filhos.

Quando falam contra a pornografia, dizem: "Você quer ser amada pelo
que é, e não ter seu marido pensando em outra pessoa quando está com
você". É um raciocínio muito sofisticado, porque mexe com os
sentimentos em seus estágios mais primários.

O grande problema é que esse discurso não se dirigiu só àqueles
afiliados a essas igrejas, mas a todo o país. Eles conseguiram mudar a
forma como as aulas de educação sexual são ministradas.

Fizeram um trabalho terrível ao conseguir cortar verbas dos programas
de distribuição de preservativos e insistir no discurso da abstinência
sexual. No fim, implantaram um discurso moralista.

Como os jovens americanos de hoje lidam com o sexo?

A educação para a abstinência tomou conta de praticamente todo o país,
mas os adolescentes continuam a fazer sexo. Não ouvem aqueles que
pregam a abstinência. Talvez adiem um pouco o início da vida sexual,
mas, quando começam, o fazem sem proteção contra gravidez ou doenças.
É um problema.

E os pais desses jovens, de que forma lidam com a situação?

Estão tão histéricos com a sexualização precoce de seus filhos que
resistem à volta das aulas de educação sexual. O que temos é uma
radical deterioração, em comparação com os anos 90, da informação
disponível para os adolescentes. Os jovens dos anos 90 se sentiam
muito mais confortáveis com relação ao sexo do que os de hoje.

Há duas décadas, os pais encaravam sexo entre adolescentes como algo
normal. Ensinavam seus filhos sobre responsabilidade, amor, mas a
mudança na opinião pública levou à intimidação.

O mais duro é que as pessoas voltaram a sentir vergonha de falar sobre
sexo. Os pais se sentem, então, muito desconfortáveis para defender
seus pontos de vista, para si mesmos e para seus filhos.

Ficou muito difícil para pais pressionarem para que haja educação
sexual, porque os outros olham como se eles fossem sujos e perigosos.

Nesse quadro conservador, como ficam as meninas?

O maior problema tem sido a perda de poder das meninas. Se numa escola
se usa um par de tênis sujos e gastos como símbolo de virgindade
perdida, é claro que quem se sente mais fraco e vulnerável são as
meninas.

Há 20 anos eu dou aulas de história da sexualidade para jovens
universitários e vejo uma grande mudança. As jovens não estão mais
confortáveis, confiantes sobre o que querem ou não fazer. A confiança
foi danificada e precisa ser recuperada. Mesmo as congressistas
democratas passam por momentos difíceis porque ninguém quer falar
publicamente sobre sexo.

De que forma o outro lado tem reagido a essa onda conservadora? Ou não
tem reagido?

A comunidade LGBT é extremamente organizada e tem feito um bom
trabalho lutando contra os conservadores, com slogans como "eu também
quero me casar" e "meus filhos são felizes e sabem que são amados".
Hoje, 50% da população é favorável ao casamento entre pessoas do mesmo
sexo, o que é um grande avanço em relação ao que ocorria há cinco
anos.

A intimidação agora mira nos direitos reprodutivos femininos. É onde
vemos o maior retrocesso. A discussão não é mais só sobre aborto, mas
também sobre o direito à contracepção.

Só nos últimos meses as mulheres voltaram a lutar. Lisa Brown,
deputada em Michigan, usou a palavra "vagina" na Assembleia estadual e
foi censurada, impedida de falar no plenário, o que causou uma série
de protestos.

[Em junho, a deputada fez um discurso contra um projeto que restringia
as condições para abortos e concluiu sua fala dirigindo-se aos
deputados: "Fico lisonjeada que todos vocês estejam tão interessados
na minha vagina, mas 'não' significa 'não'".]

É uma interferência nunca vista nos direitos das mulheres. Há uma
crescente mobilização feminina, mas é difícil.

As pessoas estão tentando falar agora, mas os conservadores levam
vantagem porque se sentem mais confortáveis em defender seus pontos de
vista. Essa situação esteve presente na Rio+20, quando o tópico a
respeito dos direitos reprodutivos das mulheres foi excluído do
documento final por pressões religiosas.

Não sei como as mulheres podem aprender com o movimento LGBT, mas
alguém tem que ir a público e dizer que mesmo os casamentos
monogâmicos heterossexuais precisam de meios contraceptivos. É uma
lição que precisamos aprender: se eles foram criativos para montar o
discurso conservador, nós também precisamos ser criativos para lutar
de volta.

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quinta-feira, 19 de julho de 2012

curtas-metragens da guerra civil espanhola -sabado,21/7

Centro de Cultura Social

convida

 

Mostra de curtas-metragens sobre a Guerra Civil Espanhola

 

Movimento revolucionário em Barcelona (Movimiento revolucionario en Barcelona). Espanha, 1936, preto e branco, 22min.

Produzido por: CNT-FAI (Oficina de Información y Propaganda)

 

Barcelona trabalha para  frente (Barcelona trabaja para el frente). Espanha, 1936, preto e branco, 23min.

Produzido por: Comité Central de Abastos de Barcelona

 

O enterro de Durruti (El entierro de Durruti). Espanha, 1936, preto e branco, 11min.

Produzido por: CNT-FAI

 

Ajudar Madri (Ayuda a Madrid). Espanha, 1936, preto e branco, 7min.

Produzido por: CNT-FAI (Oficina de Información y Propaganda)

 

Os fimes não são legendados.

 

21 de julho de 2012,

sábado às 18:00h
 

 

Rua Gal. Jardim n.º 253 – sala 22 (metrô república)

www.ccssp.org

ccssp@ccssp.org

 

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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Onde os jovens morrem

Estudo mostra que homicídio de jovens com até 19 anos cresceu 376%
desde 1980; Alagoas tem a maior taxa do país

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Era 26 de março de 2010 quando Rafael Souza de Abreu, 16, virou mais
um número para pesquisadores de segurança pública.

Nessa data, ele foi morto com oito tiros perto da casa de um amigo em
Santos (SP).

Segundo seu pai, o operador portuário José de Abreu, e a Promotoria, o
rapaz foi confundido com um ladrão de uma loja de roupas e foi morto
em represália a um furto que não praticou.

Assim, ele passou a ser um dos 8.686 adolescentes e crianças
assassinados naquele ano e engrossou a lista que, desde 1980, aumentou
376%. No mesmo período, entre 1980 e 2010, os homicídios como um todo
cresceram 259%.

Os dados são do "Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do
Brasil", pesquisa que será lançada hoje.

O levantamento analisa as informações do Ministério da Saúde sobre as
causas das mortes de pessoas entre zero e 19 anos de idade.

O ritmo de crescimento da morte entre jovens é constante. Em 30 anos,
só teve queda quatro vezes. Nos demais aumentou entre 0,7% e 30%.

Um dado que chamou a atenção do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz,
coordenador da pesquisa, foi quanto os homicídios de jovens
representava no total de mortes. Em 1980, eles eram pouco mais de 11%
dos casos de assassinato. Já em 2010, 43%.

"Os homicídios de jovens continuam sendo o calcanhar de aquiles do
governo. Esse aumento mostra que criança e adolescente não são
prioridade dos governos", disse.

Entre os Estados em que houve maior aumento dos assassinatos de jovens
estão Alagoas, com uma taxa de 34,8 homicídios por 100 mil habitantes,
Espírito Santo (33,8) e Bahia (23,8).

Segundo Waiselfisz, vários fatores influenciam o aumento em
determinadas regiões. Um deles é a interiorização dos homicídios.

"Antes, a maior parte dos crimes acontecia nos grandes centros. Agora,
com a melhor distribuição de renda, houve uma migração da população e
os governos não conseguiram implantar políticas públicas para
acompanhar essa mudança", disse.

Os Estados que apresentaram as menores taxas foram Santa Catarina,
(6,4), São Paulo (5,4) e Piauí (3,6).

Para Alba Zaluar, antropóloga da Universidade Estadual do Rio, os
dados devem ser analisados com "cuidado", já que entre 2002 e 2010
houve uma melhora na qualificação das estatísticas sobre mortes. Ou
seja, casos que antes constavam como "outras violências" nos dados
oficiais passaram a ser homicídios.

"É muito complicado falar do aumento de mortes por agressão no Brasil
como um todo", afirmou Zaluar.

Waiselfisz diz que a pesquisa aponta que os problemas existem e serve
de alerta para governos tentarem reduzir o índice, que já incluiu o
assassinato do jovem Rafael.

Em tempo: quatro pessoas, sendo três policiais, foram acusadas pela
morte do adolescente. Mas o julgamento ainda não aconteceu.

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terça-feira, 17 de julho de 2012

Projeto quer derrubar 34 hectares de área preservada para assegurar abastecimento até 2020

Obra da Sabesp vai repor um terço da água desperdiçada pela estatal
Sistema de captação vai custar R$ 1 bilhão; estatal quer reduzir o
desperdício na rede de 26% para 15% até 2019

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
A Sabesp vai iniciar até o começo do ano que vem uma obra estimada em
R$ 1 bilhão para captar água no Vale do Ribeira e trazer para a Grande
São Paulo. Uma distância de cerca de 80 km.

Se o projeto for mantido, 5.000 litros de água por segundo serão
desviados da bacia do rio Ribeira de Iguape, em 2016. O novo volume
representa 9% do que a Sabesp vende na Grande São Paulo.

A nova fonte de água, no entanto, equivale hoje a um terço do que a
estatal desperdiça em sua rede -26% da água, ou 17,4 mil litros por
segundo, é jogada fora.

A meta da companhia é chegar a um índice de desperdício de 15% em
2019, padrão verificado em cidades europeias e norte-americanas.

ÁGUA ESTRANGEIRA

Pela primeira vez na história, a empresa vai captar água fora da
região metropolitana.

O projeto, que depende da destruição de 34 hectares de mata atlântica,
inclui ainda a intervenção (sem desmate total) em 52 hectares de áreas
de proteção permanente e a retirada de centenas de pessoas para
garantir equilíbrio na distribuição de água para a Grande São Paulo
até 2020.

Depois disso, a estatal vai ter de encontrar nova fonte de captação de água.

Em uma obra que nasce como paliativa, a Sabesp vai destruir o
equivalente a 43 campos de futebol de mata preservada para não deixar
parte dos moradores da região metropolitana sem água em menos de dez
anos. A supressão também vai afetar matas urbanizadas, o que aumenta o
estrago para cerca de 70 campos de futebol.

Por força da lei ambiental, duas audiências para discutir o projeto
serão feitas em Ibiúna e Cotia em agosto.

IMPACTOS

Os impactos ambientais negativos podem ser vistos como um mal
necessário, mas especialistas dizem que a obra é insuficiente para
resolver o problema.

A própria diretora-presidente da Sabesp, em entrevista à Folha quando
tornou público o projeto [ontem ninguém da empresa deu entrevistas],
confirmou o efeito paliativo da obra.

A principal ressalva ao modelo é buscar água cada vez mais longe da
capital. A necessidade de novas obras, dizem especialistas, passará a
ser infinita se outras ações não forem consideradas.

"Nós precisamos repensar as outorgas de captação de água na Grande São
Paulo", defende Wagner Costa Ribeiro, geógrafo da USP.

Hoje, diz ele, existem empresas que captam água de forma intensiva na região.

"Na área de Mogi das Cruzes, duas ou três indústrias captam mais água
do que a cidade inteira", diz.

Para ele, deveria ser mantido o que prevê a legislação. "A prioridade
tem que ser dada para o abastecimento público e não industrial".

Outra ação para evitar o que Renato Tagnin, urbanista especialista em
planejamento ambiental, chama de "desrespeito aos padrões de segurança
da ONU para água" passa por atacar o desperdício das redes.

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Amazônia já tem 'dívida de extinção', afirma pesquisa

Áreas desmatadas estariam condenadas a perder cerca de 10% de seus
mamíferos nas próximas cinco décadas

Atual queda do desmate pode minimizar essa tendência, desde que novo
Código Florestal não estimule derrubada

RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON
O desaparecimento de alguns animais na Amazônia é algo que passa quase
despercebido hoje, mas esse é um fenômeno que deve se tornar cinco
vezes maior.

"Cenários realistas sobre desmatamento sugerem que, em 2050, certas
regiões terão perdido, em média, nove espécies de vertebrados,
condenando outras 16 à extinção", diz uma nova pesquisa.

Apesar de a floresta já ter pedido, como um todo, 17% de seu
território, cada pequeno pedaço de terra na região perdeu em média
apenas 1% das espécies de aves, anfíbios e mamíferos que possuía.

Um trio de ecólogos do Imperial College de Londres explica agora por
que isso ocorre: a maioria das áreas está "devendo" em média 5% de
extinções para o futuro, e a situação pode piorar.

Em estudo na revista "Nature", os cientistas explicam que essa "dívida
de extinções" ocorre porque alguns animais conseguem evitar o sumiço
logo de cara. Conforme o tempo passa em uma área parcialmente
desmatada, porém, grupos de aves, mamíferos e anfíbios vão diminuindo
a cada geração. No final, alguns somem.

O trabalho publicado agora, liderado pelo ecólogo Robert Ewers,
calcula quantas espécies são perdidas no curto e longo prazo. No
estudo, os autores tratam apenas de fenômenos locais, analisando o que
aconteceria em uma área de 2.500 km2 na Amazônia. As previsões sobre
extinções totais, porém, já começaram a ser feitas.

MAIS DE CEM

"Nós rodamos o modelo tentando prever extinções globais e, no cenário
'business as usual' [em que o ritmo de desmatamento segue quase sem
controle da lei], terminamos com algo em torno de 45 espécies sendo
extintas e mais de cem sendo condenadas à extinção", disse Ewers à
Folha.

Em um artigo comentando o estudo de Ewers, Thiago Rangel, ecólogo da
Universidade Federal de Goiás, elogia o método estatístico criado
pelos britânicos para medir o perigo do desmatamento para a
biodiversidade.

"Antigamente a gente olhava para o mapa da Amazônia e via apenas quais
regiões estão mais desmatadas e quais estão sofrendo desmatamento
naquele momento", afirma. "Agora é possível enxergar uma medida
combinada de desmatamento e de riqueza de espécies."

Segundo Rangel, porém, os cenários de desmatamento com que Ewers
trabalha podem ser comprometidos no futuro. Um problema é o estado de
indefinição do novo Código Florestal -a lei que determina quantas e
quais partes da mata os fazendeiros podem desmatar.

O outro é o movimento para reduzir áreas de conservação para acomodar
hidrelétricas. No fim, pode ser que o cenário considerado mais
realista pelos britânicos passe a ser otimista demais.

Rangel também destaca que é difícil prever quando a "dívida de
extinção" de uma área parcialmente desmatada vence. "Uma espécie de
anfíbio vai ser afetada em cinco gerações, o que dá uns três anos",
diz. "Já um mamífero de grande porte, com maior capacidade de
locomoção, pode resistir por até 50 anos."

Apesar das limitações, Ewers defende que o conceito que criou seja
usado para planejar ações de conservação, incluindo a preservação de
mata que cresce em fazendas abandonadas na Amazônia, por exemplo.

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sábado, 7 de julho de 2012

8º Encontro ABCP, 01 a 04 de agosto de 2012.

Teoria Política e Cultura
Coordenação: João Feres Júnior (UERJ), Flávia Millena Biroli Tokarski (UnB)
Governamentalidade democrática e constituição do sujeito Nildo Avelino (UFPB)

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Plataforma Lattes

Nildo Avelino
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